segunda-feira, 5 de junho de 2023

As Ciências da Religião nos anos 2020

    

    As Ciências da Religião são um campo de estudo acadêmico que se dedica a compreender as diferentes tradições religiosas e seu impacto na sociedade. No mundo atual, esse campo tem se mostrado cada vez mais relevante, à medida que a religião continua a desempenhar um papel significativo na vida das pessoas e nas dinâmicas sociais. As Ciências da Religião buscam analisar, interpretar e contextualizar as práticas, crenças e instituições religiosas de forma imparcial, utilizando uma abordagem multidisciplinar que envolve áreas como história, sociologia, antropologia e filosofia.

    Um dos principais objetivos das Ciências da Religião é promover uma compreensão mais profunda das diferentes religiões existentes no mundo. Por meio de estudos comparativos, os pesquisadores desse campo buscam identificar semelhanças e diferenças entre as tradições religiosas, examinando aspectos como mitologia, rituais, ética, doutrinas e práticas devocionais. Esse enfoque comparativo permite uma visão mais ampla e rica da diversidade religiosa global, contribuindo para o diálogo inter-religioso e a compreensão mútua.

    Além de analisar as religiões em si, as Ciências da Religião também investigam o impacto das práticas religiosas na sociedade. Os estudos nessa área exploram como a religião influencia a cultura, a política, as relações sociais e a formação da identidade individual e coletiva. Esse enfoque sociológico e antropológico possibilita uma compreensão mais abrangente dos fenômenos religiosos, levando em consideração o contexto histórico, social e cultural em que eles se desenvolvem.


    No cenário global, as Ciências da Religião têm desempenhado um papel importante na promoção do respeito pela diversidade religiosa e na construção de pontes entre diferentes tradições. Através da pesquisa acadêmica, do ensino e do diálogo interdisciplinar, esse campo de estudo contribui para a mitigação de preconceitos religiosos, para o combate à intolerância e para a promoção do pluralismo religioso. Além disso, as Ciências da Religião oferecem insights valiosos para a compreensão de questões contemporâneas complexas, como a relação entre religião e política, a secularização e os desafios enfrentados pelas sociedades multirreligiosas.

    O avanço das Ciências da Religião também está relacionado ao interesse crescente na compreensão dos fenômenos espirituais e transcendentais de uma perspectiva acadêmica. Esse campo de estudo proporciona um espaço para a investigação científica de experiências religiosas, misticismo, espiritualidade e outras dimensões relacionadas à busca do sentido e do sagrado. Essa abordagem acadêmica busca explorar os aspectos psicológicos, neurológicos e ao mesmo tempos históricos e críticos da religião.

    Os estudos das Ciências da Religião contam com uma série de acadêmicos e autores que contribuíram de forma significativa para o campo, oferecendo insights valiosos sobre as diferentes tradições religiosas e suas complexidades. Esses autores se destacam por suas pesquisas pioneiras, análises críticas e abordagens interdisciplinares. A seguir, apresentamos alguns dos autores mais conhecidos das Ciências da Religião:

Mircea Eliade:
    Mircea Eliade foi um renomado historiador das religiões romeno. Sua obra mais influente, "O Sagrado e o Profano", publicada em 1957, explora as diferentes manifestações do sagrado nas sociedades humanas. Eliade defendia que a religião é uma dimensão fundamental da experiência humana e analisou amplamente as estruturas religiosas, os mitos e os rituais de diversas tradições.



Rudolf Otto:
    Rudolf Otto, teólogo e filósofo alemão, é conhecido por seu livro "O Sagrado", publicado em 1917. Nessa obra, ele introduz o conceito de "numinoso", que se refere à experiência do sagrado como algo tremendamente poderoso e transcendente. Otto argumentou que essa experiência do numinoso é uma base fundamental para a religião e influenciou profundamente o estudo comparativo das religiões.

Wilhelm Schmidt:
    Wilhelm Schmidt, um antropólogo austríaco, é conhecido por sua abordagem na pesquisa das origens das religiões. Sua teoria principal era a de que a religião se originou do culto aos antepassados e que havia uma religião original comum a todas as culturas humanas. Sua obra "A Origem da Ideia de Deus" (1912-1955) foi uma importante contribuição para o estudo comparativo das religiões.

Ninian Smart:
    Ninian Smart, filósofo e estudioso das religiões britânico, desenvolveu uma abordagem multidimensional para o estudo das religiões. Em sua obra "The Religious Experience of Mankind" (1969), ele propôs sete dimensões-chave das religiões, incluindo rituais, doutrinas, experiência mística, ética e aspectos sociais. Smart enfatizou a importância de compreender a religião em sua totalidade, abrangendo suas diversas manifestações.

Karen Armstrong:
    Karen Armstrong é uma renomada escritora e estudiosa das religiões. Seu livro "Uma História de Deus" (1993) recebeu ampla aclamação e se tornou uma referência no estudo da religião. Armstrong explora a evolução do conceito de Deus nas principais tradições religiosas e analisa o papel da religião na história e na sociedade. Sua abordagem abrangente e acessível cativou um público amplo e ajudou a promover o diálogo inter-religioso.

    Esses são apenas alguns exemplos de autores notáveis das Ciências da Religião. Suas contribuições têm desempenhado um papel fundamental no avanço do campo, fornecendo insights cruciais para o estudo das religiões no mundo, seja pelo viés sociológico, histórico ou antropológico.

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Narcopentecostalismo e os limites entre conversão religiosa e criminalidade no Rio de Janeiro.

    Narcopentecostalismo é um termo usado para descrever a aliança entre traficantes de drogas e membros de igrejas pentecostais no Brasil. Esse fenômeno tornou-se cada vez mais prevalente nos últimos anos e levantou preocupações sobre as implicações morais e éticas dessa colaboração. Um dos exemplos mais notórios de narcopentecostalismo no Brasil é o Complexo de Israel, uma poderosa organização criminosa que opera na favela do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

    O Complexo de Israel foi formado no início dos anos 2000 e rapidamente se tornou uma das organizações criminosas mais poderosas do Rio de Janeiro. O grupo é liderado por Marcos Pereira, um pregador pentecostal que usa sua influência religiosa para manter o controle da favela. Pereira foi acusado de usar sua igreja para lavar dinheiro do tráfico de drogas e também foi implicado em casos de estupro e agressão sexual ¹.

    O Complexo de Israel tem uma hierarquia complexa e funciona com uma estrutura militar. O grupo controla todos os aspectos da vida na favela, incluindo comércio, transporte e segurança. Os membros do grupo são conhecidos por sua extrema violência e foram responsáveis ​​por inúmeros crimes, incluindo assassinatos, sequestros e extorsão.

    A relação entre o Complexo de Israel e o pentecostalismo é complexa. Alguns membros do grupo são pentecostais devotos que veem suas atividades criminosas como uma forma de financiar seu trabalho religioso. Outros usam suas afiliações religiosas para obter aceitação social e legitimidade. No entanto, muitos líderes pentecostais no Brasil rejeitam qualquer associação com o narcotráfico e a veem como uma traição aos seus valores religiosos.

    O Complexo de Israel é um excelente exemplo dos perigos do narcopentecostalismo. Os líderes do grupo usaram a religião para justificar suas atividades criminosas e conquistaram muitos seguidores entre os moradores pobres e marginalizados da favela ². O controle do grupo sobre a favela dificultou a intervenção da polícia e de outras autoridades e criou uma sensação de ilegalidade na área.

    Esforços para combater o narcopentecostalismo no Brasil continuam. O governo implementou programas destinados a promover a inclusão social e reduzir a pobreza nas favelas, e organizações da sociedade civil têm trabalhado para aumentar a conscientização sobre os perigos do narcopentecostalismo. No entanto, o problema é complexo e exigirá esforços sustentados a longo prazo para abordar as causas desse fenômeno e impedir a disseminação de grupos como o Complexo de Israel.

    Em conclusão, o narcopentecostalismo é um fenômeno complexo e preocupante no Brasil. A aliança entre traficantes de drogas e igrejas pentecostais criou um dilema moral e ético para muitos brasileiros. O Complexo de Israel é um excelente exemplo dos perigos do narcopentecostalismo e criou uma sensação de ilegalidade na favela do Complexo do Alemão. Embora os esforços para combater esse problema estejam em andamento, serão necessários esforços sustentados e coordenados por parte do governo e das organizações da sociedade civil para abordar as causas profundas desse fenômeno e impedir sua disseminação na sociedade brasileira.


¹: https://veja.abril.com.br/brasil/policia-do-rio-investiga-pastor-celebridade-por-denuncias-de-estupro-tortura-e-ameaca-de-morte/

²: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cj5ej64934mo

Imagem: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/07/24/traficantes-usam-pandemia-para-criar-novo-complexo-de-favelas-no-rio-deixam-rastro-de-desaparecidos-e-tentam-impor-religiao.ghtml


terça-feira, 16 de maio de 2023

A difícil aceitação da religião e ciência juntas na modernidade.



    A religião e a ciência muitas vezes abordam diferentes domínios da compreensão humana e podem ser vistas como abordagens distintas para explicar o mundo. Enquanto a ciência se baseia em evidências empíricas, metodologia rigorosa e o método científico para entender e explicar o mundo natural, a religião geralmente se baseia na fé, na espiritualidade e em conceitos metafísicos para abordar questões de significado, propósito e moralidade. Como tal, a religião normalmente não depende do raciocínio baseado em evidências da mesma forma que a ciência.

    No entanto, vale a pena notar que alguns indivíduos religiosos ou grupos religiosos podem interpretar os ensinamentos de sua fé de maneira compatível com o conhecimento e os princípios científicos. Eles podem não ver nenhum conflito inerente entre suas crenças religiosas e a compreensão científica e podem até vê-los como formas complementares de entender o mundo. Nesses casos, os indivíduos podem encontrar significado e propósito pessoal por meio de sua fé religiosa, ao mesmo tempo em que aceitam e abraçam o conhecimento e as evidências científicas.

    A relação entre religião e ciência é complexa e evoluiu ao longo do tempo. Embora tenha havido instâncias históricas de conflito entre perspectivas religiosas e científicas, também há muitos exemplos de indivíduos e comunidades que integram suas crenças religiosas e compreensão científica de forma harmoniosa. Essa perspectiva, às vezes chamada de "compatibilismo", sustenta que a religião e a ciência podem coexistir e até mesmo enriquecer a compreensão mútua do mundo.

    É importante observar, no entanto, que também há casos em que as crenças religiosas podem entrar em conflito com as descobertas científicas ou vice-versa. Nesses casos, os indivíduos podem precisar reconciliar ou navegar pelas diferenças entre sua fé religiosa e compreensão científica com base em suas crenças, valores e contexto pessoais.

    Em resumo, a religião e a ciência podem ser vistas como abordagens distintas para a compreensão do mundo, com a religião tipicamente baseada na fé e em conceitos metafísicos, em vez do raciocínio baseado em evidências. Embora alguns indivíduos possam encontrar maneiras de conciliar suas crenças religiosas e compreensão científica, a relação entre religião e ciência é complexa e multifacetada, e as perspectivas sobre sua compatibilidade variam.


segunda-feira, 1 de maio de 2023

Religiosidade e partidos de extrema direita no Brasil: a religião a serviço da política?

    O seguinte artigo tem como base o artigo anteriormente postado neste blog (https://novumreligionis.blogspot.com/2023/04/religiosidade-e-partidos-de-esquerda-no.html), de forma que, será usada a mesma estrutura textual utilizada anteriorment. Ambos artigos foram escritos em mesmo momento, entretanto optei por separá-los na hora da publicação.

    A interseção entre religião e política tem sido um aspecto significativo do cenário social e político no Brasil, e os partidos de extrema direita emergiram como forças políticas influentes nos últimos anos. A religiosidade, com suas diversas tradições e práticas religiosas, desempenha um papel crucial na formação das ideologias e estratégias políticas desses partidos. Neste ensaio, exploraremos a relação entre religiosidade e partidos de extrema-direita no Brasil, examinando como a religião se cruza com a política nesse contexto.

    O Brasil é conhecido por seu cenário religioso diversificado, sendo o catolicismo historicamente a religião dominante. No entanto, nos últimos anos, houve um aumento do protestantismo evangélico, principalmente entre as comunidades marginalizadas. Essa mudança no cenário religioso também tem implicações no cenário político, incluindo a ascensão de partidos de extrema direita. Esses partidos costumam usar a religião como uma força mobilizadora, apelando para sentimentos e valores religiosos para angariar apoio.

    Os partidos de extrema direita no Brasil, como o Partido Social Liberal, PSL, muitas vezes utilizaram a religiosidade como um aspecto significativo de sua agenda política. Esses partidos tendem a se alinhar com grupos e líderes religiosos conservadores, defendendo questões como valores familiares tradicionais, políticas antiabortivas e oposição aos direitos LGBTQ+. Frequentemente, eles se apresentam como campeões de valores religiosos e defensores de instituições religiosas tradicionais, posicionando a religião como um aspecto fundamental de sua identidade política.

    A religiosidade também desempenha um papel na formação das políticas e estratégias dos partidos de extrema direita no Brasil. Essas partes podem procurar promover políticas alinhadas com os ensinamentos e valores religiosos, como promover a educação cristã nas escolas, apoiar símbolos religiosos em espaços públicos e defender padrões morais e éticos mais rígidos na sociedade. Eles também podem se envolver em uma retórica que enquadra seus oponentes políticos como contrários aos valores religiosos, posicionando-se como protetores do tecido moral e religioso da nação.

    Além disso, os partidos de extrema direita no Brasil muitas vezes utilizam redes e líderes religiosos para mobilizar apoio entre sua base. Eles podem buscar endosso de figuras religiosas influentes, realizar comícios ou eventos conjuntos com organizações religiosas e usar linguagem e simbolismo religiosos em seu discurso político. Instituições religiosas, particularmente as conservadoras, podem servir como poderosas aliadas e mobilizadoras de partidos de extrema-direita, ajudando-os a ampliar sua agenda política e a obter apoio entre eleitorados religiosamente devotos.

    É importante observar que a relação entre religiosidade e partidos de extrema direita no Brasil não é isenta de polêmicas e conflitos. Embora alguns grupos religiosos possam se alinhar com esses partidos com base em valores ou interesses compartilhados, outros podem ter perspectivas diferentes sobre questões como justiça social, redução da pobreza e direitos humanos. Pode haver tensões dentro das comunidades religiosas, bem como com outros grupos políticos, quando se trata do papel da religião na política e nas políticas defendidas pelos partidos de extrema direita.

    Concluindo brevemente, a relação entre religiosidade e partidos de extrema direita no Brasil é de difícil percepção a olho nu. Esses partidos frequentemente utilizam a religiosidade como um aspecto significativo de sua agenda política, alinhando-se com grupos e líderes religiosos conservadores e defendendo políticas que se alinhem com os ensinamentos e valores religiosos. A religiosidade desempenha um papel crucial na formação das estratégias e políticas dos partidos de extrema direita no Brasil, e as redes e líderes religiosos atuam como mobilizadores influentes de apoio. No entanto, podem surgir conflitos e tensões dentro das comunidades religiosas e com outros grupos políticos sobre questões relacionadas com religião e política.

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Religiosidade e partidos de esquerda no Brasil: examinando a relação entre religião e política

    Religião e política há muito se entrelaçam em várias sociedades ao redor do mundo, e o Brasil não é exceção. Com sua rica diversidade cultural e religiosa, o Brasil possui uma complexa relação entre religiosidade e ideologias políticas. Nos últimos anos, os partidos de esquerda e extrema esquerda no Brasil emergiram como forças políticas significativas, muitas vezes com abordagens religiosas contrastantes. Neste pequeno ensaio, exploraremos a relação entre religiosidade e partidos de esquerda no Brasil, examinando como religião e política se cruzam nesse contexto.

Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2022/06/23/esquerda-acredita-que-salvara-as-pessoas-no-lugar-de-cristo-diz-evangelico-do-psol

    A paisagem histórica e cultural do Brasil é caracterizada por uma gama diversificada de tradições religiosas, incluindo catolicismo, protestantismo, religiões africanas da diáspora, como candomblé e umbanda, e práticas espirituais indígenas. Essas tradições religiosas desempenham um papel significativo na formação do cenário religioso do Brasil e influenciam sua política. Tradicionalmente, o catolicismo tem sido a religião dominante no Brasil, com forte influência no tecido político e social do país. No entanto, nas últimas décadas, houve um aumento do protestantismo evangélico, principalmente entre as comunidades marginalizadas. Essa mudança no cenário religioso também tem implicações no cenário político, incluindo o surgimento de partidos de esquerda.

    Os partidos de esquerda no Brasil, como o Partido dos Trabalhadores, PT, têm sido frequentemente associados a políticas sociais e econômicas progressistas, defendendo questões como justiça social, direitos trabalhistas e redistribuição de renda. No entanto, sua postura em relação à religião tem variado, com alguns partidos de esquerda adotando uma abordagem secular, enquanto outros tentam navegar em um relacionamento complexo com a religiosidade. Por exemplo, o PT tem sido historicamente visto como mais acomodado em relação a grupos religiosos, particularmente o catolicismo progressista e o protestantismo evangélico. O partido tem procurado construir alianças com organizações e lideranças religiosas, reconhecendo a importância social e política da religião no Brasil. Essa abordagem tem se refletido nas políticas e estratégias do PT, como o apoio a iniciativas baseadas na fé e a incorporação da linguagem e do simbolismo religioso em seu discurso político.

    Por outro lado, alguns partidos de esquerda no Brasil têm assumido uma postura mais laica, defendendo uma estrita separação entre religião e política. Eles veem a religiosidade como um obstáculo potencial à mudança social progressiva, muitas vezes criticando as instituições religiosas por seu conservadorismo percebido e influência na política. Esses partidos podem priorizar políticas seculares e enfatizar a importância de abordagens científicas e baseadas em evidências para a formulação de políticas, muitas vezes distanciando-se de grupos e líderes religiosos.

    A relação entre religiosidade e partidos de esquerda no Brasil é complexa e multifacetada. Enquanto alguns partidos de esquerda podem tentar incorporar grupos e crenças religiosas em sua agenda política, outros podem adotar uma abordagem mais secular. Também há casos em que grupos e líderes religiosos podem se alinhar ou endossar partidos de esquerda com base em valores ou interesses compartilhados. No entanto, tensões e conflitos também podem surgir, principalmente quando há diferentes perspectivas sobre questões como direitos reprodutivos, direitos LGBTQ+ ou o papel das instituições religiosas na vida pública.

    Vale notar que a relação entre religião e partidos de esquerda no Brasil é influenciada por fatores sociais, culturais e históricos mais amplos. A história de colonização, escravidão e desigualdade do Brasil moldou o cenário religioso e as ideologias políticas de diferentes grupos. A interação entre religião e política no Brasil também é influenciada por tendências globais, como a ascensão do conservadorismo religioso, o impacto da globalização e a dinâmica de mudança nas comunidades religiosas.

    Em suma, para este historiador, a relação entre religiosidade e partidos de esquerda no Brasil é complexa e dinâmica. Enquanto alguns partidos podem tentar incorporar grupos e crenças religiosas em sua agenda política, outros podem adotar uma abordagem mais secular. Essa relação é influenciada por fatores históricos, culturais e sociais.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Luiz Felipe Pondé: "Deus é uma hipótese elegante"

Em recente entrevista dada ao Portal Imprensa, do UOL, Luis Felipe Pondé mostra que é mais do que um simples liberal conservative ("direitista liberal"). Quando perguntado sobre o Ateísmo, e se este é o que melhor define sua opinião sobre Deus, o filósofo responde:

"O primeiro momento que me lembro como ateu, tinha oito anos. Lembro do dia, inclusive. Tenho o sentimento de que, aos oito ou dez anos, eu já era mais ou menos quem sou hoje. Escrevi isso no livro que eu publiquei com o João Pereira Coutinho e o Denis Rosenfield, “Porque virei à direita” [Ed. Três Estrelas, 2012]. Mas, hoje, acho o ateísmo banal, é a hipótese mais fácil. Ao mesmo tempo, acho Deus uma hipótese elegante. A ideia de que exista um ser inteligente, bondoso, que gerou o mundo, é filosoficamente interessante. Mas, não sinto necessidade no meu dia a dia. Nasci sem órgão metafísico."

Ao meu ver, esta declaração ilustra de forma clara o estado do Ateísmo no Brasil. O "Deus elegante" apresentado por Pondé ilustra, também, a categoria de Deísmo que temos no país. Ao mesmo tempo em que correntes com um grau acentuado de militância corre pelos veículos de informação como a Internet, a característica "confortadora" e "que dá um jeitinho nos problemas cotidianos" de Deus que está presente desde meados do século XX faz com que a religião no país se torne menos rígida do que o próprio Ateísmo. Esta inversão de valores é, na minha visão, passada batida por olhares menos atenciosos exatamente por ser um fenômeno recente e incomum na história de nossa sociedade. Só o tempo dirá se um dia teremos templos e dizimistas ateístas.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Papa Francisco: "Ateus também vão para o céu"

No dia 22 de maio de 2013, o líder da Igreja Católica, Papa Francisco, afirmou durante sua homilia matinal que "(...) o Senhor nos redimiu a todos, a todos nós, no sangue de Cristo (...) não apenas os católicos. Todos!". Após ser indagado sobre a questão dos ateus, Papa Francisco afirmou que "(...) até mesmo os ateístas. Todos". Papa Francisco ainda utilizou um trecho do evangelho de Marcos,  que diz:

"(…) E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue.
Jesus, porém, disse: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu   nome e possa logo falar mal de mim. Porque quem não é contra nós, é por nós."

Esta declaração, apesar de não ter sido posta com o intuito de criar uma discussão teológica, segundo o porta-voz do Vaticano, Rev. Thomas Rosica, criou uma série de debates na Internet, principalmente em sites e blogs ateístas. Segundo o próprio porta-voz do Vaticano, "(...) pessoas que conhecem a Igreja Católica não podem ser salvas se recusarem-se a entrar nela ou fazer parte dela”.