sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sobre a velha discussão Laico X Ateu

Estava passeando pela internet hoje á tarde, quando me deparo com uma reportagem muito interessante, do colunista Walter Huspel para o site Yahoo! notícias.

Este artigo, segundo o autor, foi inspirado em notícias recentes sobre o interesse da Igreja em saber o posicionamento da recêm eleita presidente Dilma Rousseff sobre assuntos religiosos. Tal artigo pode ser visto aqui.

Já em seu artigo, Huspel, que inclusive é doutorando em Ciência Política pela USP e leciona Ciência Política e Relações Internacionais na Faculdade Santa Marcelina, exprime sua convicção de que o termo "laico" para um Estado seria insuficiente nos dias de hoje, e vê que a melhor forma de lidar contra uma suposta "teocracia social" seria de o Estado ser Ateu. Aqui, entendo que Huspel vê que um governo onde todo e qualquer valor da esfera privada seja afastado da vida pública do país, principalmente valores e credos religiosos. O artigo na íntegra é este.

O que eu vejo é o seguinte: principalmente em um país com uma diversidade cultural (entenda-se aqui, a presença de um número grande de diferentes credos também) imensa, seria "inviável" a estipulação de um "País Ateu". Sou sim a favor de um governo onde as convicções particulares sejam respeitadas e não suprimidas, tal como entendi que Huspel descreveu. Porém, como exilar meio século de cultura predominantemente católico-portuguesa em um país onde mais da metade dos símbolos públicos e feriados nacionais são religiosos? Entendo também que um país, na modernidade, enfrenta sérios problemas com a religião. Mas a solução não está em suprimir os símbolos já presentes em nossa cultura do mesmo jeito que se passa borracha em um erro de gramática. A presidente Dilma Rousseff pode ter dito que é "uma católica fervorosa" durante a campanha política de 2010, mas mesmo assim não há como esta figura falar por cada indivíduo brasileiro. Ela pode ser católica, mas nem todos os brasileiros são.

A solução, ao meu ver, estaria na própria postura do governo brasileiro, em estabelecer limites entre política e religião, respeitar o já estabelecido no país e abrindo possibilidades para o diálogo entre os diferentes credos que atuam no Brasil. Se há espaço para um, então há de ter espaço para todos. Infelizmente não há como suprimir séculos de história e cultura enraizada em nossa sociedade, mas ainda é tempo de aprender a dizer não para estabelecer estes limites.